A
ASSERTIVIDADE NO COTIDIANO
Mariane
de Macedo
Desde de 2005 tenho
estudado sobre o tema Assertividade, dando origem a um blog, ao qual tenho
compartilhado alguns textos desenvolvidos em capacitações e palestras em vários
tipos de grupos, tais como: empresariais, escolares, religiosos, segurança e
outros. Transformei o tema como “carro chefe” de minhas atividades
profissionais, posto que assertividade é uma forma de comunicação. No entanto,
se nas relações profissionais devemos nos capacitar, porque não a estende-la aos
nossos lares? Ao responder este questionamento, que me debruço, novamente, no
tema ofertando ‘Assertividade’ para as nossas vidas pessoais. O indivíduo que a
compreende passa a se posicionar, sem preocupações com críticas ou perda de
afeto, ou seja, se comunica de forma clara e objetiva, visando resultados mais
verdadeiros nas suas relações cotidianas.
Carlos Augusto
Abranches (2001), diz que a era da comunicação exige atributos indispensáveis
ao homem, para que tenha competências novas e eficientes, visando interagir de
maneira mais profunda e produtiva com os outros e a natureza. Verifica através
da proliferação de técnicas de controle mental; Cursos de línguas estrangeiras
e oratória, através dos profissionais de “marketing” das grandes empresas. Para
estas, quem não aprende a se comunicar está fora do mercado de trabalho. O
candidato ao ser entrevistado deve demonstrar suas habilidades sociais, e estar
desacompanhado da conduta arrogante e vaidosa. Entretanto, as empresas não querem apenas um
currículo abarrotado de cursos, mas um funcionário que saiba: Conversar
construtivamente com os colegas, que seja polido, cordial, com bom-humor, equilíbrio,
humildade, que tenha metas definidas de crescimento, ou seja, com autoestima,
visto que, estas posturas interferem positivamente na relação com o cliente. Além
disto, o autor informa que foi verificado, que aquelas pessoas que se dedicam a
trabalhos voluntários, apresentam a chamada taxa
de bondade social, pois desenvolveram valores como: Tolerância; paciência; capacidade
para lidar com as frustrações sem perder o equilíbrio. Portanto, apresentam
maiores habilidades sociais para estarem à frente das empresas, na solução de
dificuldades, especialmente com o os clientes mais exigentes. Pois que,
consideram não como problemas o cotidiano, e sim, como desafios as rotinas
laborais.
Os
estudos sobre assertividade tiveram início com os psicólogos Wolpe e Lazarus,
que buscavam fazer uma distinção sobre asserção e agressão. A palavra assertividade era inexistente na língua
portuguesa, e foi introduzida pelos terapeutas comportamentais. Na sua tradução, to assert significa “declarar ou
afirmar algo de maneira positiva, direta e vigorosa”. A definição do termo
auxilia a entender que essas condutas estão ligadas as habilidades sociais e
comportamentos verbais, ou seja, à comunicação.
O indivíduo que se
manifesta de forma não-assertiva sente-se magoado e ansioso na hora da atitude
e, às vezes com raiva e ressentimento depois. O assertivo sente-se confiante e
auto-respeitado. O agressivo sente-se superior na hora que fala, justificando
que “ falo na cara, doa a quem doer”. Neste caso não estamos falando de
assertividade e, sim de falta de educação.
Mas porque a maioria das pessoas não é
assertiva? Uma das explicações, segundo Abranches, que é em decorrência de ansiedade
e de crenças inibidoras da conduta assertiva. Ressalta que é evidente que
quando alguém fala, sem reservas, causa desconforto a quem ouve e, que o
mecanismo de defesa presente é o de reação. Por essa razão, Kern (1982)
investigou que a pessoa assertiva acrescenta a suas considerações a empatia,
conseguindo moderar os efeitos negativos da asserção.
Outro fator que leva o indivíduo ao
comportamento não-assertivo são algumas crenças irracionais, tais como: 1) Rejeição
Pessoal, que diz respeito à crença que alguém deve ser amado o tempo todo, por todos
os quem julgue importante, ou seja, incondicionalmente; 2) Competência Pessoal:
Que alguém deve ser perfeitamente capaz, sempre, adequado e competente. (3) Noção
de Justiça: A vida como uma grande tragédia, se não segue o curso das
expectativas da pessoa, o mundo desaba. A incompreensão e a injustiça vistas
como catástrofes das quais a criatura sempre é vítima. Neste caso, o autor finaliza, dizendo que:
Pode-se inferir, com base nestas crenças nocivas à felicidade das pessoas, que
a assertividade pode ser prejudicada pelo isolamento social ou pelas queixas
amargas sobre os outros e sobre o sentimento de desamparo.
Portanto, se algumas das causas que
levam o indivíduo a não ser assertivo, são as crenças arraigadas, podemos no
processo psicoterápico rever estas crenças para resignificá-las. Pois é dentro
da família que nos construímos. Algumas vezes com uma visão de mundo muito
pejorativa que nos fragiliza diante das exigências externas. O indivíduo adulto
que ainda permanece cobrando a educação dos pais, não amadurece, comporta-se
como eterna criança vitimada. Quando compreende a forma em que estas relações
aconteceram e como se comunicavam: se de forma agressiva, não assertiva ou
assertiva, o indivíduo se capacita a ampliar a sua percepção. E é mudando a
percepção, tem a possibilidade de construir um comportamento mais adequado e
com uma convivência mais sadia.
A vida é um processo dinâmico e,
ao ficarmos apegados a crenças do passado não conseguiremos seguir em frente. Construindo
uma conduta Assertiva o indivíduo aprende a se expressar de forma equilibrada,
sem medo e mimetização. E assim, através de um comportamento proativo a vida
deixa de ser um eterno arrastar de correntes.
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