quarta-feira, 17 de agosto de 2016


A ASSERTIVIDADE NO   COTIDIANO                                                                                      

 Mariane de Macedo 

                         Desde de 2005 tenho estudado sobre o tema Assertividade, dando origem a um blog, ao qual tenho compartilhado alguns textos desenvolvidos em capacitações e palestras em vários tipos de grupos, tais como: empresariais, escolares, religiosos, segurança e outros. Transformei o tema como “carro chefe” de minhas atividades profissionais, posto que assertividade é uma forma de comunicação. No entanto, se nas relações profissionais devemos nos capacitar, porque não a estende-la aos nossos lares? Ao responder este questionamento, que me debruço, novamente, no tema ofertando ‘Assertividade’ para as nossas vidas pessoais. O indivíduo que a compreende passa a se posicionar, sem preocupações com críticas ou perda de afeto, ou seja, se comunica de forma clara e objetiva, visando resultados mais verdadeiros nas suas relações cotidianas.

                        Carlos Augusto Abranches (2001), diz que a era da comunicação exige atributos indispensáveis ao homem, para que tenha competências novas e eficientes, visando interagir de maneira mais profunda e produtiva com os outros e a natureza. Verifica através da proliferação de técnicas de controle mental; Cursos de línguas estrangeiras e oratória, através dos profissionais de “marketing” das grandes empresas. Para estas, quem não aprende a se comunicar está fora do mercado de trabalho. O candidato ao ser entrevistado deve demonstrar suas habilidades sociais, e estar desacompanhado da conduta arrogante e vaidosa.  Entretanto, as empresas não querem apenas um currículo abarrotado de cursos, mas um funcionário que saiba: Conversar construtivamente com os colegas, que seja polido, cordial, com bom-humor, equilíbrio, humildade, que tenha metas definidas de crescimento, ou seja, com autoestima, visto que, estas posturas interferem positivamente na relação com o cliente. Além disto, o autor informa que foi verificado, que aquelas pessoas que se dedicam a trabalhos voluntários, apresentam a chamada taxa de bondade social, pois desenvolveram valores como: Tolerância; paciência; capacidade para lidar com as frustrações sem perder o equilíbrio. Portanto, apresentam maiores habilidades sociais para estarem à frente das empresas, na solução de dificuldades, especialmente com o os clientes mais exigentes. Pois que, consideram não como problemas o cotidiano, e sim, como desafios as rotinas laborais.

                         Os estudos sobre assertividade tiveram início com os psicólogos Wolpe e Lazarus, que buscavam fazer uma distinção sobre asserção e agressão. A palavra assertividade era inexistente na língua portuguesa, e foi introduzida pelos terapeutas comportamentais. Na sua tradução, to assert significa “declarar ou afirmar algo de maneira positiva, direta e vigorosa”. A definição do termo auxilia a entender que essas condutas estão ligadas as habilidades sociais e comportamentos verbais, ou seja, à comunicação.  

                           O indivíduo que se manifesta de forma não-assertiva sente-se magoado e ansioso na hora da atitude e, às vezes com raiva e ressentimento depois. O assertivo sente-se confiante e auto-respeitado. O agressivo sente-se superior na hora que fala, justificando que “ falo na cara, doa a quem doer”. Neste caso não estamos falando de assertividade e, sim de falta de educação.

                Mas porque a maioria das pessoas não é assertiva? Uma das explicações, segundo Abranches, que é em decorrência de ansiedade e de crenças inibidoras da conduta assertiva. Ressalta que é evidente que quando alguém fala, sem reservas, causa desconforto a quem ouve e, que o mecanismo de defesa presente é o de reação. Por essa razão, Kern (1982) investigou que a pessoa assertiva acrescenta a suas considerações a empatia, conseguindo moderar os efeitos negativos da asserção.

                Outro fator que leva o indivíduo ao comportamento não-assertivo são algumas crenças irracionais, tais como: 1) Rejeição Pessoal, que diz respeito à crença que alguém deve ser amado o tempo todo, por todos os quem julgue importante, ou seja, incondicionalmente; 2) Competência Pessoal: Que alguém deve ser perfeitamente capaz, sempre, adequado e competente. (3) Noção de Justiça: A vida como uma grande tragédia, se não segue o curso das expectativas da pessoa, o mundo desaba. A incompreensão e a injustiça vistas como catástrofes das quais a criatura sempre é vítima.  Neste caso, o autor finaliza, dizendo que: Pode-se inferir, com base nestas crenças nocivas à felicidade das pessoas, que a assertividade pode ser prejudicada pelo isolamento social ou pelas queixas amargas sobre os outros e sobre o sentimento de desamparo.

               Portanto, se algumas das causas que levam o indivíduo a não ser assertivo, são as crenças arraigadas, podemos no processo psicoterápico rever estas crenças para resignificá-las. Pois é dentro da família que nos construímos. Algumas vezes com uma visão de mundo muito pejorativa que nos fragiliza diante das exigências externas. O indivíduo adulto que ainda permanece cobrando a educação dos pais, não amadurece, comporta-se como eterna criança vitimada. Quando compreende a forma em que estas relações aconteceram e como se comunicavam: se de forma agressiva, não assertiva ou assertiva, o indivíduo se capacita a ampliar a sua percepção. E é mudando a percepção, tem a possibilidade de construir um comportamento mais adequado e com uma convivência mais sadia.

                A vida é um processo dinâmico e, ao ficarmos apegados a crenças do passado não conseguiremos seguir em frente. Construindo uma conduta Assertiva o indivíduo aprende a se expressar de forma equilibrada, sem medo e mimetização. E assim, através de um comportamento proativo a vida deixa de ser um eterno arrastar de correntes.

 

 

 

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