“Se permaneceres em mim
e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserem, e vos será
feito.” (João, 15-7).
A educação religiosa da maioria das
pessoas vem do conhecimento do Deus que castiga. Em decorrência disto, o Cristo
que nos foi apresentado, se sacrificou para libertação de todos nós, os pecadores.
E, assim, ouvindo e internalizando essas informações, que se tornaram crenças, é
que a maioria dos indivíduos está sem rumo em relação a sua espiritualização. Não
fazem questionamentos sobre a validade dos ensinamentos para atual conjuntura da
vida. Certamente, que em alguns, até pode haver a reflexão, no entanto, este
modelo sem esforço ainda permanece o mais conveniente, pois não exige mudança.
Já a doutrina espírita apresenta um
Cristo que fala de um Deus amoroso, que é Pai de todos. Que providencia o
atendimento das necessidades de seus filhos e, que não castiga, mas que deu a oportunidade
da vida para uma caminhada pela estrada certa, ou seja, a da prática do amor a
si e ao próximo. Entretanto, apesar deste conhecimento algumas pessoas apenas colocam
rótulos, mas continuam se comportando de acordo com as crenças assimiladas pela
educação tradicional. Agindo, também, pela lei do menor esforço, nestes casos, tem
o conhecimento que fica divorciado da conduta.
A OMS – Organização Mundial de Saúde informa que
neste século as doenças que farão mais pacientes serão as cardiológicas e as
emocionais, justamente as patologias onde os traços de personalidade
comprometem a maneira de funcionar destes tipos de paciente. E, também, onde a
espiritualidade da maioria é inexistente. Entretanto, embora a passos lentos, a
ciência e a espiritualidade, que andavam em caminhos opostos, buscam atualmente,
através de cursos para profissionais da área, uma proposta onde esses caminhos
sejam paralelos.
Existem
várias bibliografias enfatizando que saúde e espiritualidade devem andar de
mãos dadas. E, é justamente nesta aliança que a obra de Joanna de Ângelis auxilia
aquele que permanece enfermo. Ela aponta uma série de caminhos, que percorridos,
resulta em saúde. Mostrando que a doença está intimamente ligada às escolhas, sugerindo
ao indivíduo não se ater a atavismos infelizes, revivendo-os, comentando-os,
reestruturando-os no campo mental ou verbal. Salientando que eles não
abandonarão a criatura enquanto esta não os deixar. Apoiada na sabedoria
popular exemplifica que “Pedra que rola
não cria limo”, sugerindo alteração de rota, movimento, realização.
Além disto, estimula o questionamento sobre
o que está inconsciente, e se manifestando em forma de doença. Os conflitos
existenciais negligenciados são as causas do aparecimento das enfermidades, que
desejam sinalizar sobre a necessidade de ações mais adequadas. Olhar no espelho
da alma e perceber a repetição de receitas conhecidas e falidas, onde o
individuo deseja resultados novos enquanto as condutas permanecem inalteradas. Enfatiza
que para que pessoa adquira ou preserve a saúde, é imprescindível a
conscientização de si mesma, da sua maneira de ser.
A benfeitora lista alguns
sinais de alarme em torno de situações que surgem, que impedem a criatura de
realizar o que deseja para evoluir: Pedir desculpas por uma reação infeliz e
não logra fazê-lo; Recomeçar uma tarefa que a ira interrompeu e sente
dificuldade; Abraçar alguém inamistoso e vê-se impedido; Discutir um assunto
desagradável e é tomado por um silêncio constrangedor; iniciar uma conversação
e sente-se incapaz ou desinteressado; Permanecer acordado sem libertar-se de
uma ideia intranquilizadora; Continuar ansioso, mesmo quando não há razão que o
justifique; Não conseguir dirigir palavras gentis a uma pessoa querida; Sentir-se
trêmulo ou deprimido diante de alguém que lhe parece superior; Considerar-se
diminuído no meio social no qual se movimenta... Esses sintomas e outros mais
caracterizam estados predisponentes às doenças. Portanto, precisam de atenção e
cuidado.
Joanna assevera para a desconstrução dos
padrões mentais antigos, negativos, que condicionam a aceitação dos
comportamentos doentios. Deixando claro que é através do autodescobrimento que
aparecem as respostas para os desequilíbrios. Quando a criatura permanece em pensamentos
de ódios, culpas, inveja, vingança entra em dissonância cognitiva. Ao
contrário, quando o padrão vibratório dos pensamentos se modifica, o indivíduo
entra em consonância cognitiva, construindo um ambiente de harmonia, mudando a
sua psicosfera, que gera bem estar e, por consequência saúde.
Com a mudança da psicosfera a convivência
torna-se mais equilibrada nos ambientes onde o indivíduo está inserido, para o
aprendizado. Embora, em alguns, as exigências sejam árduas, há a necessidade de
compreensão. Pois é deste esforço na melhora dos relacionamentos que a
transformação ocorrerá, através de novas atitudes. Assim, o indivíduo assume a
parte que lhe compete no processo evolutivo. Narra-se que um sábio caminhava
com seus discípulos, por uma via tortuosa, quando encontraram um homem piedoso
que, ajoelhado, rogava a Deus o auxiliasse a tirar do atoleiro o carro em que
seguia. Todos olharam o devoto, sensibilizaram-se e prosseguiram. À frente,
alguns quilômetros vencidos, havia outro homem que tinha, igualmente, o carro,
mas tentava com todo empenho liberar o veículo. Comovido, o sábio propôs aos
discípulos ajuda-lo. Reunidas todas as forças, logo o transporte foi retirado
e, após agradecimentos, o viajante prosseguiu feliz. Os aprendizes surpresos,
indagaram ao mestre: ─ O primeiro homem orava, era piedoso e não o ajudamos.
Este, que era rebelde e até vociferava, recebeu nosso apoio. Por quê? Sem
perturbar-se, o nobre professor elucidou: ─ O que orava, aguardava que Deus
viesse fazer a tarefa que lhe competia. O outro, embora desesperado por
ignorância, empenhava-se, merecendo auxílio.
Joanna de Ângelis através
desta fábula demonstra que é preciso agir e retirar os hábitos infelizes para
alcançar a saúde. Quando o homem sai dos atoleiros da má vontade, do egoísmo,
da rigidez, da queixa, da maledicência, algo se move internamente.
Oportunizando ao indivíduo a aceitação dos ensinamentos do evangelho,
libertando-o das imperfeições morais. Quando a espiritualidade é vivenciada de
acordo com a sua proposta real, do indivíduo ter uma atitude cuidadosa para com
a vida, ele passa a se comprometer consigo e com tudo que o circunda. Desenvolvendo
uma relação de respeito, gerando ação e reação. Assim, a mensagem cristã vai
aos poucos assumindo outro papel, na vida e escolhas de cada um.
Portanto, a mudança de
comportamento, com condutas mais coerentes estabilizam a criatura, que ao
sentir-se verdadeira se conecta consigo e por consequência com o Deus Pai.
Sente-se merecedora do amor divino, deixando brilhar a sua luz interior.
Abandonando a crença de castigo, onde se responsabiliza pelo seu processo
evolutivo, fazendo a sua parte com maturidade. Por consequência, o Cristo é
retirado da cruz e passa a fazer parte da atualidade, como médico das almas,
como amigo que acolhe e, que carrega no colo nas adversidades da vida. Ele
passa a ser Aquele Messias tão esperado, que ouve e atende, oferecendo seu
evangelho como farmácia, onde todas as medicações necessárias ficam a
disposição. Basta apenas à decisão, de marcar a consulta, e aderir ao
tratamento.
KARDEC, Allan – O Evangelho Segundo
Espiritismo – 1 ed. Porto Alegre, RS:
FERGS -2006.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentille,
revisão de Elias Barbosa. Araras, SP, IDE, 166ª. Edição, 2006.