quarta-feira, 17 de agosto de 2016

RESILIÊNCIA


       Resiliência

           Mariane de Macedo


                      Resiliência é um conceito oriundo da física, que se refere à propriedade de que são dotados alguns materiais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem ocorrer ruptura. Este termo também tem origens na Economia da Natureza ou Ecologia. Pode ser definido como a capacidade de recuperação de um ambiente frente a um impacto, como por exemplo, uma queimada. Logo, o bioma cerrado costuma apresentar uma grande capacidade de resiliência após uma queimada.

                      Atualmente resiliência é utilizado no mundo dos negócios para caracterizar pessoas que têm a capacidade de retornar ao seu equilíbrio emocional após sofrer grandes pressões ou estresse, ou seja, são dotadas de habilidades que lhes permitem lidar com problemas mantendo o equilíbrio emocional.

                        A Psicologia pegou emprestada a palavra, criando o termo resiliência psicológica para indicar como as pessoas respondem às frustrações diárias, em todos os níveis, e sua capacidade de recuperação emocional. Portanto, quanto mais resiliente for o indivíduo, mais fortemente estará preparado para lidar com as adversidades da vida.

                     Nesse sentido, a atitude mental de enfrentamento é uma das primeiras lições para construir uma boa resiliência psicológica, pois possibilita ao homem uma postura mais ativa, destituindo-se do papel de vítima.

                       O psicólogo existencialista Viktor Frankl, prisioneiro dos campos de concentração teve a oportunidade de observar as mais diversas reações dos prisioneiros frente às atrocidades cometidas pelos nazistas. Em seus relatos, descreve que muitas pessoas em certo ponto não mais conseguiam tolerar o sofrimento e assim deliberadamente desistiam de viver. Faziam isso se jogando contra as cercas eletrificadas, deixando de se alimentar ou, finalmente, se atirando contra os militares e seus cachorros. Em suas notas, descreveu que aquelas que mais suportavam a dor de uma prisão (e que sobreviveram) eram aquelas que desenvolviam um sentido de vida como, por exemplo, guardar comida para um prisioneiro mais fragilizado ou mobilizar-se para conseguir medicações para outro mais necessitado. Tais ações, segundo ele, traziam de volta a dignidade humana, pois abasteciam as pessoas com força e determinismo pessoal.

                    Para Frankl, “O sucesso, como a felicidade, não pode ser perseguido; ele deve acontecer, e só tem lugar como efeito colateral de uma dedicação pessoal a uma causa maior” Desta forma, o homem deve em seu cotidiano desenvolver projetos que tragam um sentido a sua existência, pois o torna mais resiliente frente às adversidades da vida. Concordando com a assertiva de Jung, que a finalidade da vida não é aquisição da felicidade, mas a busca de sentido, de significado. O sentido, o significado existencial, entretanto, caracteriza-se pela busca interna, pela transformação do indivíduo. É um sentido profundo, a princípio de autorrealização, depois de auto iluminação, de auto encontro.

                    Outro aspecto que apoia na resiliência, é a capacidade de compreender os próprios sentimentos. Estar atento às emoções é uma das maneiras mais simples do homem desenvolver a capacidade de enfrentamento emocional. Quando reconhece seus sentimentos e os aceita tem a possibilidade de permanecer em sofrimento, ou sair deste. A lucidez em relação a sua subjetividade lhe permite ser mais rápido na busca de soluções, e quando executa, com atitudes sensatas e coerentes encontra o equilíbrio.              

                     Portanto, o que define uma pessoa resiliente é a capacidade de buscar, a força e coragem para prosseguir. É a certeza de suas condições internas para a superação através da busca deste sentido. E para isto, a psicologia, através da psicoterapia tem muito a contribuir com o indivíduo.

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