Resiliência é um conceito
oriundo da física, que se refere à propriedade de que são dotados alguns
materiais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem
ocorrer ruptura. Este termo também tem origens na Economia da Natureza ou
Ecologia. Pode ser definido como a capacidade de recuperação de um ambiente
frente a um impacto, como por exemplo, uma queimada. Logo, o bioma cerrado
costuma apresentar uma grande capacidade de resiliência após uma queimada.
Atualmente resiliência é
utilizado no mundo dos negócios para caracterizar pessoas que têm a capacidade
de retornar ao seu equilíbrio emocional após sofrer grandes pressões ou
estresse, ou seja, são dotadas de habilidades que lhes permitem lidar com
problemas mantendo o equilíbrio
emocional.
A Psicologia pegou emprestada a palavra, criando o
termo resiliência psicológica para indicar como as pessoas respondem às
frustrações diárias, em todos os níveis, e sua capacidade de recuperação
emocional. Portanto, quanto mais resiliente for o indivíduo, mais fortemente
estará preparado para lidar com as adversidades da vida.
Nesse sentido, a atitude
mental de enfrentamento é uma das primeiras lições para construir uma boa
resiliência psicológica, pois possibilita ao homem uma postura mais ativa: a de
se tornar responsável pelo que acontece a sua volta, apropriando-se de suas
escolhas destituindo-se do papel de vítima.
O psicólogo
existencialista Viktor Frankl. Prisioneiro dos campos de concentração teve a
oportunidade de observar as mais diversas reações dos prisioneiros frente às
atrocidades cometidas pelos nazistas. Em seus relatos, descreve que muitas
pessoas em certo ponto não mais conseguiam tolerar o sofrimento e assim
deliberadamente desistiam de viver. Faziam isso se jogando contra as cercas
eletrificadas, deixando de se alimentar ou, finalmente, se atirando contra os
militares e seus cachorros. Em suas notas, descreveu que aquelas que mais
suportavam a dor de uma prisão (e que sobreviveram) eram aquelas que
desenvolviam um sentido de vida como, por exemplo, guardar comida para um
prisioneiro mais fragilizado ou mobilizar-se para conseguir medicações para
outro mais necessitado. Tais ações, segundo ele, traziam de volta a dignidade
humana, pois abasteciam as pessoas com força e determinismo pessoal.
Para Frankl, “O sucesso,
como a felicidade, não pode ser perseguido; ele deve acontecer, e só tem lugar
como efeito colateral de uma dedicação pessoal a uma causa maior” Desta forma, o
homem deve em seu cotidiano desenvolver projetos que tragam um sentido a sua
existência, pois o torna mais resiliente frente às adversidades da vida.
Fechando o tripé em que se
apoia a resiliência, a capacidade de se compreender os próprios sentimentos. Estar
atento às emoções é uma das maneiras mais simples do homem desenvolver a
capacidade de enfrentamento emocional. Quando reconhece seus sentimentos e os
aceita tem a possibilidade de permanecer em sofrimento, ou sair deste. A
lucidez em relação a sua subjetividade lhe permite ser mais rápido na busca de
soluções, e quando executa, com atitudes sensatas e coerentes encontra o
equilíbrio.
Entretanto, quando o homem
não está habituado a se conectar consigo, procura aliviar os sentimentos ruins
através de atitudes externas como, por exemplo, consumir bebida, comida, e
outras substâncias psicoativas. Nada obstante, ao buscar no externo o alívio para
o desconforto interno, desequilibra-se. A fuga apenas o distancia da percepção de
si mesmo, assim, ao não visualizá-la tem dificuldade de mudar.
Para a Doutrina Espírita os
três itens que a psicologia da resiliência apresenta para a construção de uma
conduta resiliente estão intimamente ligados aos princípios básicos. Posto que desenvolver
um papel ativo na vida é ter a consciência do Projeto Reencarnatório. Este é
estabelecido na espiritualidade junto às entidades amigas que planejarão junto
ao ser reencarnante as condições existenciais para que o mesmo obtenha êxito,
salientando, que este projeto foi feito para o crescimento do indivíduo. Existe
toda a assistência espiritual para que a criatura tenha o amparo necessário,
diante das adversidades da vida, através de intuições, situações inusitadas,
amigos, mensagens e outros, ou seja, não está só na caminhada. O segundo é de
elaborar um projeto pessoal, que já está dentro do Projeto Reencarnatório, que
é a evolução. Quando o homem pergunta-se: - De onde vim? O que estou fazendo
aqui e para onde vou? - Está estabelecendo um questionamento sobre si mesmo e
assim desenvolve vontade de aprender e buscar as respostas que o possibilite ao
entendimento do sentido da vida. Desta forma, chega ao terceiro item: Entender
as próprias emoções, através do reconhecimento e, estabelecer metas para a
transformação. Lançando mão do evangelho na busca do equilíbrio emocional, com atitudes
pautadas nos ensinamentos cristãos, ainda que de forma lenta.
Joanna de Ângelis, no
livro Psicologia da Gratidão, destaca que para Jung a finalidade da vida não é
aquisição da felicidade, mas a busca de sentido, de significado. O sentido, o
significado existencial, entretanto, caracteriza-se pela busca interna, pela
transformação do indivíduo. É um sentido profundo, a princípio de
autorrealização, depois de, auto encontro até a auto iluminação. Quando o homem
consegue desenvolver este projeto pessoal aumenta significativamente a
resiliência, porque não se sente sem rumo.
Portanto, o que define uma
pessoa resiliente é a capacidade de buscar na sua centelha divina, a força e coragem
para prosseguir. É a certeza que Deus é Pai, bom e Justo e jamais abandona seus
filhos, ainda que, na hora dos testemunhos pareça ao contrario. E, através de
Jesus, oportunizou ao homem espiritualizar-se gradativamente, fortalecendo a
crença de sua origem divina. O Mestre desejando o bem de todos os homens, cheio
de abnegação e amor sabe alimentar, com recursos específicos, o ignorante o
sábio, o indagador e o crente, o revoltado e o infeliz. Compreende, que de
outro modo às criaturas cairiam, exaustas nos imensos despenhadeiros do
processo evolutivo. E, como governador espiritual da terra, assevera: “E, se os deixar ir em jejum para suas casas,
desfalecerão no caminho, porque alguns deles vieram de longe”.
BIBLIOGRAFIA:
FRANCO, Divaldo – Pelo
espírito Joanna de Ângelis –– Psicologia da Gratidão –– Editora LEAL- 1ª. Ed.-
2001.
FRANKL, Viktor E. Em
busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. Petrópolis: Editora
Vozes, 1991
KARDEC, Allan – O
Evangelho Segundo Espiritismo – 1 ed. Porto Alegre, RS: FERGS -2006.
KARDEC, Allan. O Livro
dos Espíritos. Tradução de Salvador Gentille, revisão de Elias Barbosa. Araras,
SP, IDE, 166ª. Edição, 2006.
Parabéns pela bela exposição.
ResponderExcluirAbraços fraternos