domingo, 10 de novembro de 2013

NÃO ESQUEÇA O PRINCIPAL

                                                                                                                                                                                                                        Mariane de Macedo


“Senhor, permite-me que vá eu primeiro enterrar meu pai. E Jesus lhe respondeu: Deixa que os mortos enterrem os seus mortos, e tu vai e anuncia o Reino de Deus”. (Lucas, IX: 59-60).
  

                     Jesus não censurava àquele que considerava um dever de piedade filial ir sepultar o pai. Mas, através desta assertiva desejava revelar um sentido mais profundo, mostrando que a vida espiritual é, realmente, a verdadeira vida, a vida do Espírito. Cumprindo mais uma jornada na terra seguem os espíritos para a pátria espiritual, conduzindo a bagagem dos feitos acumulados em suas existências físicas. O Espírito utiliza-se do corpo como revestimento, verdadeira cadeia que o prende à vida terrena, e da qual ele sente-se feliz em libertar-se.

                   Certamente Jesus ensinava que o respeito aos mortos não estava condicionado a matéria, mas ao espírito. Os homens ainda não compreenderam que é através da subjetividade, ou seja, dos sentimentos que estão vinculados. E o amor, de todos os sentimentos, é o mais legítimo.

                  Conta à lenda que certa mulher, muito pobre, com uma criança no colo, passando diante de uma caverna escutou uma voz misteriosa que lá dentro lhe dizia: “Entre e apanhe tudo que você desejar, Mas não esqueça o principal. Lembre-se, porém, de uma coisa: Depois que você sair, a porta se fechará para sempre. Portanto, aproveite a oportunidade, mas não esqueça o principal”. A mulher entrou na caverna e encontrou muitas riquezas. Fascinada pelo ouro e pelas joias, pôs a criança no chão e começou a juntar, ansiosamente, tudo o que podia em seu avental. A voz misteriosa falou novamente: “você só tem oito minutos". Esgotado o tempo, a mulher carregada de ouro e pedras preciosas, correu para a fora da caverna e a porta se fechou. Lembrou-se, então, que a criança ficara lá e a porta estava fechada para sempre!

                  O homem materialista passa seus oito minutos da existência física “esquecendo o principal”. Sobrecarregado pelo peso da matéria, coloca os afetos ao lado, justificando que a busca material é para beneficiá-los. No entanto, enquanto gasta anos construindo impérios, negligencia com sua  presença física dentro do lar. 

                  A ambição, a ganância, os prazeres materiais fascina o individuo, que esquece o essencial, sem perceber que o tempo está esgotando. Somente quando arrebatados pela morte física é que os afetos tornam-se indispensáveis. Quando a porta desta vida se fecha, permanecem apenas as lamentações e culpas. A perda dos entes queridos, ás vezes, é o caminho, doloroso, que leva a pessoa a se espiritualizar, na busca de aplacar o sofrimento.    

                Para Divaldo Franco, “Morrer, longe de ser o descansar nas mansões celestes ou expurgar sem remissão nas zonas infelizes, é, pura e simplesmente, recomeçar a viver. A morte a todos aguarda. Preparar-se para tal acontecimento é tarefa inevitável. Apenas as almas esclarecidas e experimentadas na batalha redentora serão capazes de transpor a barreira do túmulo e caminhar em liberdade. A reencarnação é uma bendita oportunidade de evolução. A matéria que se encontra imersa, por ora, é abençoado campo de luta e de aprimoramento pessoal. Cada dia na carne é uma chance de recomeço”.

               Portanto, necessário manter os relacionamentos sadios durante a existência, ainda, que alguns estejam regidos pelas leis da reconciliação.  É no processo educacional, que se motiva a criatura a sua transformação moral. E, o  afeto é mola propulsora a reconstrução da estima e de hábitos novos. Quando os indivíduos compreendem as leis naturais, e estabelecem uma vinculação espiritual, não descuidam dos seus afetos, independente da condição em que se encontram.

                Assim, “não esquecer o principal” é estar vivo e pleno, seja na condição de espírito ou de homem. Para que, quando a morte bater na porta, não exista motivo para desespero e, sim, apesar das lágrimas da separação física, que permaneça a certeza da bondade divina. Pois, Deus concedeu a oportunidade da convivência e aprendizado junto aqueles que partiram. E na condição de Pai amoroso, sempre permite reencontros através dos sonhos. 

                Nada obstante, Jesus, o Mestre amoroso convida para a reencarnação com vida, ou seja, lúcido dos objetivos evolutivos. Não se deixando obscurecer pela matéria, que aprisiona e torna o homem com vida física, mas, morto para essência e os valores espirituais.  Portanto: Não esqueça o principal.

 Bibliografia:

ANGELIS, Joana( espírito) – O Homem Integral – Psicografado por Divaldo Pereira Franco – Salvador – BA – Livraria Espírita Alvorada, 1990. 1ª Ed.

Divaldo Franco – Triunfo da imortalidade – Porto Alegre – RS – FERGS , Livraria Francisco Spinelli, 2012.

Kardec, Allan - O livro dos Espíritos – Edição comemorativa pelo transcurso, em 18 de abril de 2007, do Sesquicentenário do lançamento de O livro dos Espíritos –ed. FEB.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 119. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.

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